segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Dungeon Crawl Classics: passado e futuro

Saudações masmorreiros e masmorreiras!

Ontem joguei pela primeira vez (mestrei, se a ideia é prezar pela literalidade) o Dungeon Crawl Classics. Conheci o jogo por meio da campanha Salada de Ratos, desenvolvida e conduzida pelo Mestre Balbi, no canal do Azecos.

Confesso, que o meu primeiro contato, nos idos 2017, não foi dos mais positivos. Claro, muito engraçado e bacana de assistir, porém, à época, não julguei ser uma preferência na hora de escolher o meu sistema de jogo.

Olhando retrospectivamente consigo perceber que isso se deve ao fato do estilo de jogo que eu buscava emular. O DCC RPG estimula um jogo com uma aura permanente de mistério, acenando para o estilo de weird fantasy. Enfim, hoje falaremos uma coisa ou outra sobre esse intrigante sistema.


Mas o que é Dungeon Crawl Classics?

Para quem não conhecer ainda, esse sistema é publicado pela Goodman Games, em uma espécie de releitura do famoso Apêndice N (lista de influências do Gary Gygax que levaram à criação do D&D) valendo-se, do ponto de vista mecânico, do chassi do D&D 3.5.

O nome surge inicialmente de uma série de aventuras com uma forte pegada old school que foram publicadas a partir de 2003. O Dungeon Crawl Classics RPG, porém, só foi lançado em 2012. Uma características bastante marcante desse sistema é o uso dos "dados estranhos" (ou dados Zocchi), que consistem em: d3, d5, d7, d14, d16, d24 e d30 - fora os outros dados (não menos estranhos para uma pessoa não familiarizadas com RPGs) com os quais já estamos acostumados.


Uma questão que acaba vindo a tona quando se discute sobre DCC é o elemento cômico, gonzo, que costuma emergir nas sessões de jogo. Ainda que não exista nenhuma diretriz que induza a isso no livro, parece-me que isso acaba decorrendo da própria natureza da aventura funil. O humor acaba por funcionar como uma forma de estabelecer um distanciamento oportuno em relação aos personagens, para que suas - inevitáveis - mortes não sejam experimentadas de forma dramática e, potencialmente, para alguns, traumática.

Como a ideia é que todos se divirtam, creio que o humor inerente ao DCC acaba sendo um dos seus pontos fortes, pois não há como negar que situações verdadeiramente cômicas eventualmente ganham centralidade.

Minha experiência com DCC (primeiro como espectador e, agora, como participante) praticamente se reduz a aventuras funil, então essa percepção não possui uma dimensão generalizadora. A expectativa, porém, é que campanhas mais longas acabem por permitir o aparecimento de um tom mais dramático (e, por consequência, mais "sério").

DCC RPG no Brasil

O jogo chegou aqui, por meio de uma campanha de financiamento coletivo capitaneada pela Editora New Order. Mas algumas polêmicas acabaram por eventualmente demarcar o fim do licenciamento do DCC sob a tutela da New Order.


Mas não deu nem tempo dos fãs ficarem tristes, pois logo na sequência a Goodman Games soltou um comunicado dizendo que o jogo permaneceria por aqui e logo descobriu-se ser a Sagen Editora que adotaria esse sistema, a partir de 2 de dezembro de 2019. O Diogo Nogueira, que foi quem realizou a tradução do livro do sistema, chegou a soltar uma postagem sobre a questão (não deixem de verificar  também a excelente review realizada pelo próprio mestre Nogueira sobre o DCC RPG).

Sem entrar muito na polêmica, a New Order prometeu coisas que não podia, o que criou problemas com a dona do DCC. E, paralelamente a isso, os fãs brasileiros reclamaram muito do fato de que os dados estranhos, marca registrada desse sistema, não foram encampados pela editora, forçando-os a optar pela importação - que é demorada e cara.

A expectativa é que a Editora Sagen consiga explorar ao máximo o amplo potencial desse sistema. Também cabe acrescentar que, no site da New Order, o Livro + 6 aventuras + escudo do juiz + kit de dados estranhos estão em promoção, caindo por 300 reais + frete. Aproveitei a oportunidade e comprei!

Veredito

Bom, conforme eu disse no início da postagem, a minha primeira impressão do DCC RPG não foi das melhores. Mas hoje percebo que estava muito imerso em uma visão "moderna" (pra não dizer narrativista e alimentar essa permanente polêmica) do que seriam RPGs.

Como hoje tendo a uma visão que privilegia um estilo de jogo old school, que busca promover o surgimento de uma narrativa espontânea (ou emergente) durante a própria sessão de jogo, devo dizer que gostei bastante do sistema e que pretendo utilizá-lo outras vezes no futuro!

Cheguei até a cogitar utilizá-lo para minha futura campanha de Barrowmaze (que logo receberá uma postagem dedicada), mas estou mesmo tendendo ao D&D B/X, pois acho que para o estilo de jogo que o módulo pressupõe (e que eu quero promover por meio dele) este sistema funciona melhor.

Mas já comecei a esboçar algumas ideias de uma campanha de Sword & Sorcery (Espada & Feitiçaria) que gostaria de mestrar e DCC RPG é o sistema definitivamente utilizaria nela! Mas e quanto a você, quais suas experiências com Dungeon Crawl Classics?

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